"Coragem e a persistência de pensar por si mesmos"

Segundo Gombrich, "no século XIX é que se abriu um verdadeiro abismo entre artistas de sucesso - os que contribuíam para a „arte oficial‟ - e os inconformistas, que só acabavam sendo apreciados depois de mortos” (GOMBRICH, 2009, p. 503). Sendo assim, a história da arte contemporânea não é a história dos mestres de maior êxito e mais bem pagos, e sim dos artistas que "tiveram a coragem e a persistência de pensar por si mesmos, de examinar convenções sem temor e em termos críticos” (ibid, p. 504).

Partilho, abaixo, uma das fotos da performance fotográfica, (Chega de Violência e Extermínio de Seres Humanos), que realizei na cidade onde vivo, Jequié, de aproximadamente 170 mil habitantes no sudoeste baiano, na tentativa de chamar atenção da sociedade e das autoridades, sobre o aumento assustador de mortes violentas por arma de fogo.

Foto: Dado Galvão, performance fotográfica, 

Fotografamos dentro do cemitério do "Curral Novo”, localizado em um bairro carente, onde estão enterrados a maioria das vitimas de violência em Jequié. Levamos bicicletas e ciclistas caracterizados para dentro do cemitério, por entender que a bicicleta é um símbolo global de vida saudável e mobilidade sustentável, assim como o ciclista, que faz uso daquilo que proporciona qualidade de vida, um contraste com a morte prematura por violência urbana.

Para Pareyson (2001), formar significa fazer, inventando ao mesmo tempo o modo de fazer. Esse modo de fazer já está carregado de conceito: é o modo de fazer que transmite a mensagem, o conteúdo. Portanto, para o autor, forma e conteúdo são inseparáveis. É a partir do diálogo entre a materialidade do meio e o momento criativo que as diferentes poéticas se revelam.