Novas formas de sentir...


“Estaríamos nós passando por uma mutação nos modos perceptivos em paralelo às profundas mudanças de nossa realidade? Sabemos que convivemos com a realidade vivida e com a realidade artificial e de repente já não nos damos conta do que é o real ou o virtual, uma vez que estes coexistem e coabitam os mesmos espaços. Serrão (2001), nos fala de novos tipos de solicitação em termos de resposta sensitiva e afetiva que o objeto estético faz ao sujeito e que dificilmente se enquadrariam nos parâmetros das doutrinas clássicas do gosto”. (SERRÃO, 2001 p. 80).

O virtual que transforma o real, Pokémon Go, conseguiu mudar a vida de um adolescente britânico de 17 anos com Autismo, que não conseguia sair de casa, segundo reportagem da BBC/Brasil.

Segundo o Hospital Israelita A. Einstein, Autismo é um “grave distúrbio do desenvolvimento que prejudica a capacidade de se comunicar e interagir. Abaixo descrevo trecho da reportagem escrita da BBC/Brasil.

A mistura de realidade e ambiente virtual tem ajudado a quebrar muitas das barreiras sociais que pacientes autistas sentem quando estão em público.

É o caso de Adam, um adolescente britânico de 17 anos que passou os últimos cinco anos em casa, jogando um game de guerra, o Minecraft.

Adam não aguentava ficar na rua: começava a tremer e se sentir mal, com dor de estômago. Isso apenas por estar entre pessoas, com barulho, falando alto, segundo a mãe do jovem, Jan Barkworth.

O jogo estimulou o adolescente a sair de casa, e Adam passa horas em busca dos animais virtuais. Segundo a mãe, a novidade vem ajudando Adam a interagir com outras pessoas e reforçando os laços com a família.

“A estética, enquanto ciência dedicada às faculdades do sentir, estaria em condições de assimilar tais mutações da sensibilidade no campo da arte e da experiência, a ponto de englobá-las enquanto categorias com a finalidade de ao mesmo tempo, aclarar o entendimento sobre o desenvolvimento das artes e aprofundar o conhecimento sobre a natureza humana? O que devemos levar em conta é se estas seriam novas formas de sentir, do gosto ou do prazer, são de fato algum tipo de alteração na forma como percebemos as experiências humanas ou simplesmente sintomas de uma crise que a filosofia poderia ignorar?” (Ibidem).

Dado Galvão (agosto/2016)