E se o DJ Alok pedalasse em Jequié? #cicloolhar

Na foto: um DJ Alok versão ciclista invisível, na Praça da Bandeira, Centro de Jequié/BA, ao fundo, o terminal de transporte coletivo local, performance: Jil Bike, foto: Movimento @cicloolhar   

O DJ e produtor musical Alok, é uma das principais atrações do milionário São João de Jequié, cidade de mais de 158 mil habitantes, no interior da Bahia. O artista internacional, também é muito conhecido, pela prática do ativismo socioambiental.

Alok vai se apresentar na Praça da Bandeira, coração comercial de Jequié, onde a prefeitura requalificou recentemente, o terminal de transporte coletivo, com valores que ultrapassam, 2 milhões de reais. Na zona central da cidade, as bicicletas na sua grande maioria, pertencentes a trabalhadores, ciclistas invisíveis, são acorrentadas em postes, por falta de paraciclos e bicicletários públicos.

Jequié possui menos de 15 km de ciclofaixas, nenhuma ciclovia, ações pró-ciclismo são raríssimas e tomadas de formas isoladas, sem consultas públicas, por parte da administração municipal. Oposto, ao que determina a (lei federal nº 14.729) sancionada no ano de 2023, que dá mais incentivo ao uso de bicicletas como meio de transporte e (promove a participação popular) no processo de implantação de infraestruturas destinadas à circulação de bicicletas e determina mais uma orientação aos municípios brasileiros. Apesar da bicicleta ser transformada, pela Prefeitura de Jequié, em uma espécie de monumento para fotos, na Avenida Waldomiro Borges, principal avenida da cidade, onde Ilma Cristina, de 54 anos de idade, foi atropelada e morta quando andava de bicicleta, em janeiro de 2023, ano onde, infelizmente, quatro ciclistas foram mortos quando andavam de bicicleta em Jequié.  

De acordo com informações do jornal A Tarde: "em meio à falta de merenda escolar na zona rural de Jequié,  o prefeito Zé Cocá (PP) decidiu gastar mais de R$ 6 milhões para realizar o São João 2025, segundo mostra o levantamento realizado pelo Painel de Transparência do Ministério Público do Estado (MP-BA). Gusttavo Lima foi anunciado como atração do São João da cidade, mas seu nome não aparece no Portal da Transparência". 

Onde a População pode sugerir locais para instalação de paraciclos.

No Recife, capital do estado de Pernambuco, um exemplo simples e concreto de política para o bem comum, desde junho de 2024, a prefeitura possibilita que através do aplicativo Conecta Recife e pelo site da CTTU (Autarquia de Trânsito e Transporte, Polícia de Trânsito), ciclistas podem solicitar instalação de paraciclos para bicicletas no município.

Foto: os paraciclos que estão sendo instalados no Recife/PE, são do modelo U invertido, que é mais indicado para garantir um espaço adequado para as bicicletas, foto: CTTU/divulgação.

Em tempos de urgente crise socioambiental, onde poucos conseguem ostentar, lembrando, que o município de Jequié, foi atingido, em dezembro do ano de 2022, por uma intensa enchente, causando danos, deslocamentos e prejuízos. Perguntamos, para refletir!

Imagine o Alok e seus familiares, morando e pedalando em Jequié. Será que teríamos paraciclos e bicicletários públicos na cidade?

Por aqui, vamos pedalando e cantando, refletindo na nossa individuação ao som de Luiz Gonzaga com participação de Fagner, na versão remix do DJ Alok: "eu perguntei a Deus do céu, ai! Por quê tamanha judiação?"


Dado Galvão é ciclista e documentarista, idealizador do Movimento @cicloolhar
junho de 2025

A bicicleta em Niterói, Rio de Janeiro #CidadeseSoluções #cicloolhar


O jornalista André Trigueiro (Cidades e Soluções, programa da Globo News) mostra em Niterói, Rio de Janeiro, a importância e a infraestrutura da cidade para incentivar o transporte através de bicicletas no Brasil.

Conteúdo: Cidades e soluções, Globo News, maio/2025.

Acorrente sua bike aqui, invisível! #cicloolhar

Debaixo de um ponto para táxi, lugar onde cotidianamente acorrenta sua bike, Andréia Queiroz, segura uma placa de papelão, 
confeccionada pela cicloativista Jil Bike. Foto: Movimento @cicloolhar

Andréia Queiroz, ciclista de meia-idade, trabalha como cozinheira, em um pequeno restaurante no mercado velho, pedala há mais de 5 anos, sempre para transitar de onde mora, no bairro Mandacaru, para o trabalho, na Praça da Bandeira, zona central de Jequié, cidade com mais de 158 mil habitantes, no interior da Bahia.

A ciclista trabalhadora, relata que ao chegar no destino de labuta, ela e colegas de ofício, costumam acorrentar suas bicicletas, em um dos postes de madeira que sustenta uma cobertura de ponto para táxi, em uma das entradas do mercado velho. Andréia, afirma, que ela e colegas, enfrentaram resistência de alguns taxistas do local, que não queriam bicicletas acorrentadas no espaço, mesmo sem as bicicletas estarem causando dificuldade para o estacionamento dos táxis.

“Um dos taxistas fez várias tentativas de tirar a gente do local, chamou até o guarda, que disse: não posso fazer nada. Fomos ficando e ouvindo provocações, acorrentamos nossas bicicletas ali porque estão próximas do nosso local de trabalho, é seguro com sombra”, descreve Andréia.

A Praça da Bandeira é o coração comercial da cidade, onde não existe bicicletário público e seguro ou basicamente paraciclos, local do Terminal de Transporte Coletivo Adalberto Moreira Nascimento, revitalizado pela administração municipal, com valor total de R$ 2.604.042,46 (dois milhões, seiscentos e quatro mil, quarenta e dois reais e quarenta e seis centavos), segundo informações da Prefeitura de Jequié.

O relato da resistente mulher e operária ciclista, traduz aquilo que, infelizmente, está materializado de uma forma muito sólida nas experiências vivenciadas pela cozinheira, no ponto para táxi e também na revitalização do terminal, ambos têm raízes estruturais na forma de entender a bicicleta e suas infinitas possibilidades e diversidade. Ciclistas que enfrentam preconceitos por usarem a bicicleta como um modal, além da ausência de políticas públicas pró-bicicleta, trânsito hostil, e o sentimento real de sentir na pele, a cada pedal, de serem tratados como invisíveis.

Ciclista utiliza o poste de uma placa de trânsito para acorrentar bicicleta, zona central de Jequié - BA, foto: Movimento @cicloolhar

Para que mais pessoas usem bicicletas no Brasil, é preciso que os municípios brasileiros, por meio de políticas públicas, ofereçam pelo menos, o mínimo de estrutura ciclística, construída com participação popular de verdade, escutando especialmente, os que andam de bicicleta, para implementar com qualidade, segurança e eficácia, ciclovias, ciclofaixas, bicicletários e paraciclos, respeitando o jeito local de pedalar e a diversidade do nosso povo.

A Lei Federal nº 14.729, sancionada em novembro de 2023, incentiva o uso de bicicletas como meio de transporte e promove a participação popular no processo de implantação de infraestruturas destinadas à circulação de bicicletas e determina orientações aos municípios.

A UCB (União de Ciclistas Brasileiros) orienta, que os municípios do Brasil, precisam de mais e melhores estacionamentos para bicicletas, disponibilizando gratuitamente no site da entidade, um guia de boas práticas para instalação de estacionamentos de bicicletas: paraciclos e bicicletários em espaços públicos e privados.

No Recife, capital do estado de Pernambuco, um exemplo simples e concreto de política para o bem comum, desde junho de 2024, a prefeitura possibilita que através do aplicativo Conecta Recife e pelo site da CTTU (Autarquia de Trânsito e Transporte, Polícia de Trânsito), ciclistas podem solicitar instalação de paraciclos para bicicletas no município.

“Os paraciclos são primordiais para auxiliar ciclistas em áreas de grande interesse público, como parques, praças, supermercados e escolas. Implantá-los é uma maneira de fortalecer a malha cicloviária da cidade e mostrar ao ciclista que ele é bem-vindo naquele espaço”, sustenta Antônio Henrique, então gerente de Mobilidade Humana da CTTU.

Muitas praças de Jequié foram ou serão revitalizadas ou reconstruídas, a prefeitura ganhou uma nova sede e outras obras públicas estão em andamento ou foram prometidas, lamentavelmente, sem bicicletários ou simples paraciclos.

Para quem fez da bicicleta, de modo inesperado, um monumento para fotos, em uma das principais avenidas da cidade, podemos afirmar, pelo que testemunhamos como cidadão e ciclista, temos quase nada do ponto de vista ciclístico, mesmo sendo visível, muitos/as, aqueles/las que andam de bicicleta cotidianamente por necessidade ou lazer e acorrentam suas bicicletas ao deus-dará. Como nos ensina a sabedoria popular: “são os burros sendo colocados na frente da carroça”.

Temos uma foto(grafia) real, sem filtros de redes sociais, da demagogia e do preconceito dos gabinetes do poder, da omissão dos supostos coletivos de ciclismo, dos políticos e legisladores locais. É a foto revelada, daquilo que se repete silenciosamente em muitos municípios brasileiros.


Exija bicicletários públicos e seguros na cidade onde você pedala.

Dado Galvão é ciclista e documentarista, idealizador do Movimento Ciclo-olhar, abril/2025

Papa Francisco envia mensagem para a Campanha da Fraternidade: “louvo o esforço em propor o tema da ecologia” #cicloolhar

Em julho de 2013, o Papa Francisco ganhou um bicicleta elétrica da submarca Smart, entregue por Dieter Zetsche, presidente da Mercedes-Benz. Durante o encontro, os dois conversaram sobre sustentabilidade e mobilidade segura. (Foto: G1/Auto Esporte)

O Papa Francisco enviou sua mensagem à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por ocasião da Campanha da Fraternidade 2025. No texto, ele felicita a Conferência dos Bispos pela realização da Campanha, há mais de 60 anos. Francisco também louvou o “esforço em propor o tema da ecologia, junto à desejada conversão pessoal a Cristo”.

“Que todos nós possamos, com o especial auxilio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções e práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações gananciosas”, disse Francisco.

Queridos irmãos e irmãs do Brasil,

Com este dia de jejum, penitência e oração, iniciamos a Quaresma deste Ano Jubilar da Encarnação. Nesta ocasião, desejo manifestar a minha proximidade à Igreja peregrina nessa Nação e felicitar os meus irmãos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pela iniciativa da Campanha da Fraternidade, que se repete há mais de 60 anos e que neste ano tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e como lema a passagem da Escritura na qual, contemplando a obra da criação, “Deus viu que tudo era muito bom” (cf. Gn 1,31).

Com a Campanha da Fraternidade, os bispos do Brasil convidam todo o povo brasileiro a trilhar, durante a Quaresma, um caminho de conversão baseado na Carta Encíclica Laudato Si’, que publiquei há quase 10 anos, em 24 de maio de 2015, e que senti necessidade de complementar com a Exortação Apostólica Laudate Deum, de 4 de outubro de 2023.

Nestes documentos, quis chamar a atenção de toda a humanidade para a urgência de uma necessária mudança de atitude em nossas relações com o meio ambiente, recordando que a atual «crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior» (Laudato Si’, 217). Neste sentido, o meu predecessor de venerável memória, São João Paulo II, já alertava que era «preciso estimular e apoiar a “conversão ecológica”, que tornou a humanidade mais sensível» (Audiência, 17 de janeiro de 2001) ao tema do cuidado com a Casa Comum.

Por isso, louvo o esforço da Conferência Episcopal em propor mais uma vez como horizonte o tema da ecologia, junto à desejada conversão pessoal de cada fiel a Cristo. Que todos nós possamos, com o especial auxilio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções e práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações gananciosas.

O tema da Campanha da Fraternidade deste ano expressa também a disponibilidade da Igreja no Brasil em dar a sua contribuição para que, durante a COP 30 do próximo mês de novembro, que se realizará em Belém do Pará, no coração da querida Amazônia, as nações e os organismos internacionais possam comprometer-se efetivamente com práticas que ajudem na superação da crise climática e na preservação da obra maravilhosa da Criação, que Deus nos confiou e que temos a responsabilidade de transmitir às futuras gerações.

Desejo que esse itinerário quaresmal dê muitos frutos e nos encha a todos de Esperança, da qual somos peregrinos neste Jubileu. Faço votos que a Campanha da Fraternidade seja novamente um poderoso auxílio para as pessoas e comunidades desse amado País no seu processo de conversão ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e de compromisso concreto com a Ecologia Integral.

Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, concedo de bom grado a Bênção Apostólica a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham no cuidado com a Casa Comum, pedindo que continuem a rezar por mim.

Roma, São João de Latrão, 11 de fevereiro de 2025, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes.

Franciscus

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Ciclistas e a invisibilidade no trânsito: Rodovias federais que cortam a Bahia registraram mais de 4 mil acidentes no último ano. #cicloolhar


Ciclistas: a invisibilidade no trânsito

Outro grupo vulnerável quando se trata de trânsito são os ciclistas. Segundo a PRF-BA, eles foram vítimas de 104 sinistros de trânsito nas rodovias federais que cortam a Bahia em 2024. Esses casos resultaram em 12 mortos e 128 feridos. Neste ano, já são 19 acidentes, com quatro óbitos e 18 feridos.

Dado Galvão, ciclista e idealizador do Movimento Ciclo-olhar, que defende maior segurança aos ciclistas no trânsito, afirma que muitos dos acidentes envolvendo ciclistas, no entanto, não são registrados. Ele afirma que há uma prevalência de casos que só viram números quando acontece morte.

No trânsito urbano, as causas mais comuns de acidentes envolvendo ciclistas incluem falta de atenção, ausência de ciclofaixas, transitar na contramão e falta de campanhas de conscientização. Já nas rodovias, os acidentes são causados, sobretudo, por falta de sinalização pró-ciclismo, velocidade, problemas de visão, e utilização de drogas para se manter acordado.

A falta de estrutura propícia para ciclistas desponta como principal agravante dos acidentes, porque o uso comum das pistas dificulta a visão de veículos maiores. “Quando estou pedalando e faço paradas nas BRs, tenho dialogado muito com caminhoneiros sobre a presença de ciclistas nas rodovias do Brasil. A principal observação dos diálogos é a dificuldade de visualização de alguns ciclistas, o que, segundo os caminhoneiros resultam em atropelamento de saída de pista”, diz Dado Galvão.

Para os condutores de veículos maiores e mais pesados, o ciclista pede que haja maior cuidado com quem está de bicicleta. “Fique atento ao posicionamento e trajetória dos veículos ao seu redor, evite ultrapassar pela direita, sinalize quando virar ou mudar de faixa, reduza a velocidade quando visualizar que um ciclista está próximo, sem preconceito, porque bicicleta também é um veículo/modal”, pontua.

10 dicas para ciclistas se protegerem no trânsito:

1) Sempre usar capacete

2) Não pedalar na contramão

3) Pedalar em fila indiana, se estiver em grupo

4) Antes de mudar de lado em uma via, utilizar braços e mãos para sinalizar

5) Usar equipamentos de sinalização na bicicleta

6) Pedalar sempre do lado direito da via onde não existem ciclovias e ciclofaixas

7) Prefira roupas claras para se tornar visível

8) Use adesivos refletivos na bicicleta

9) Mantenha os pneus calibrados

10) Evite vias com velocidade superior a 60 km/h

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No giro da CF 2025: Ciclismo com Fraternidade e Ecologia Integral. #cicloolhar

Imagem: Movimento @cicloolhar 

CNBB

A CF (Campanha da Fraternidade) é organizada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), entidade permanente, com sede em Brasília, que reúne os Bispos da Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil, mantendo desde 14 de outubro de 1952, um relacionamento com os diversos segmentos econômicos, sociais, políticos, autoridades civis, públicas e de outras crenças religiosas, em defesa da dignidade humana.

A CF nasceu em 1962, por iniciativa de Dom Eugênio de Araújo Sales, em Nísia Floresta, Arquidiocese de Natal, RN, como expressão da caridade e da solidariedade em favor da dignidade da pessoa humana, dos filhos e filhas de Deus.

O principal objetivo da CF, desde a sua primeira ação, até os dias de hoje, realizada anualmente no tempo da Quaresma, é despertar a solidariedade dos cristãos e da sociedade a respeito de um problema real que atinge a sociedade brasileira, buscando caminhos e soluções para enfrentar e solucionar tais problemas.

Campanha da Fraternidade 2025

Em 2025, a CF trabalhará o tema: Fraternidade e Ecologia Integral e o lema: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). Motivados pelos 800 anos da composição do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis; pelos 10 anos de publicação da Carta Encíclica Laudato Si’; pela recente publicação da Exortação Apostólica Laudate Deum; pelos 10 anos de criação da Rede Eclesial PanAmazônica (REPAM) e pela realização da COP 30, em Belém, no estado do Pará.

Portanto, neste ano, a CF, aborda a temática ambiental, com o objetivo de “promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra” (Objetivo Geral da CF 2025).

Ecologia Integral, conceito tão caro ao Papa Francisco, externado na Encíclica Laudato Si', publicada em 2015, e que é tão importante na propagação defendida por Francisco, de um Novo Humanismo Integral. Considerando a integração (em harmonia) entre o ser humano, a natureza e o meio ambiente para preservar a nossa Casa Comum.

Um dos objetivos específicos da CF 2025, é “denunciar os males que o modo de vida atual impõe ao planeta e que tem gerado uma complexa crise socioambiental, dado que em nossa Casa Comum tudo está interligado”.

A identidade visual da CF 2025 é de autoria do Paulo Augusto Cruz, da Assessoria de Comunicação da CNBB. 
(Veja aqui) vídeo explicativos sobre os elementos de composição da identidade visual da CF 2025.

Movimento 

O Movimento @cicloolhar, formado por ciclistas de várias cidades do Brasil, que andam de bicicleta e fotografa, partilhando pedaladas através da hashtag #cicloolhar, defende o ciclismo humanizado, inspirado na simplicidade e universalidade da bicicleta, para estimular o exercício da cidadania através do ciclismo. O movimento nasceu em Jequié, interior baiano, idealizado pelo ciclista e documentarista de inspiração católica, Dado Galvão.

Uma das campanhas do movimento é estimular a doação de capacetes novos ou usados para ciclistas de baixa renda. Você tem um capacete de bike encostado em casa? Ciclista que tem um pouco mais, ajudando ciclista que tem um pouco menos. Além de propor localmente políticas públicas pró-ciclismo, denunciando a morosidade da administração pública local, na implementação de ações concretas que preservam vidas de ciclistas no direito de ir e vir, entendendo a bicicleta como um modal utilizado para o trabalho, lazer ou esporte.

Ciclismo Fraternal

Animados pelo giro da CF 2025, o Movimento @cicloolhar, convida você ciclista, independente da sua crença religiosa ou da sua forma de usar bicicleta, para refletir sobre como podemos por meio de pedaladas/ações concretas, diante da nossa realidade ciclística local, promover o ciclismo fraternal, especialmente no contexto dos coletivos de ciclismo/grupos de pedais.

André Geraldo Soares, já em 2015, um dos organizadores do livro A Bicicleta no Brasil, construído com apoio da Aliança Bike, descreve.

[…] É nesse segmento – a sociedade civil organizada – que devemos reconhecer a causa principal pelo crescimento, ainda tímido, mas perceptível, da bicicleta como meio de transporte e lazer no Brasil contemporâneo. […] (SOARES, 2015, p. 07).

[…] Essa parcela do povo não só pratica a bicicleta, mas a adota como um símbolo de singeleza e de igualdade para nos alertar sobre os deletérios efeitos dos valores e hábitos elitistas – os quais consideram a bicicleta um símbolo de pobreza e de atraso. Não fosse a ação de ciclistas organizados, autodenominados ou não de cicloativistas, a bicicleta jamais teria ganhado visibilidade como alternativa ao caos generalizado do trânsito que, atravancando milhões cotidianamente e matando milhares anualmente, ainda inacreditavelmente se alastra nas médias e grandes cidades. Estas mesmas pessoas e coletivos civis têm influenciado a economia da bicicleta. Novos negócios surgiram em torno da bicicleta, e empresas, mesmo de ramos diversos, têm buscado aliar sua imagem a ela, inclusive apoiando explicitamente sua expansão […] (SOARES, ps. 07, 08).

Levantamento feito pela Aliança Bike, em outubro de 2024, aponta acréscimo de 280 km em estruturas segregadas para bicicletas, atingindo um total de 4.106,8 quilômetros no país. O Brasil deixa a desejar em infraestrutura para quem gosta ou precisa pedalar. As 27 capitais do País totalizam, juntas, pouco mais de 4 mil quilômetros de ciclofaixas e ciclovias (o primeiro equipamento predominante na maioria delas). Além disso, boa parte das capitais não têm sequer 100 quilômetros de estrutura, imagine a realidade de cidades de grande e médio porte espalhadas pelo país.

Os grupos de ciclismo precisam assumir o papel coletivo, cidadão, do cicloativismo, os coletivos são fundamentais para mudar esta pobre realidade, exigindo localmente políticas públicas para quem anda de bicicleta, existe um profundo silêncio e omissão por parte dos grupos, em Jequié, e na maioria das cidades brasileiras.

É muito comum ouvir de lideranças e membros de grupos de ciclismo: “o meu envolvimento com a bicicleta é somente pelo esporte e lazer”. Podemos afirmar que a ideia transmitida, é que o espírito de empatia ciclística só será vivenciado dentro da bolha formada pelos membros daquele grupo específico, que vestem o mesmo uniforme, compartilha as mesmas rotas, enquanto, o ciclista do cotidiano, invisível, aquele que utiliza a bicicleta, quase para tudo no ir e vir, é colocado em uma outra categoria ciclística ou estrato social, que não seria de nossa responsabilidade, os grupos/coletivos de ciclismo.

A cicloativista Jil Bike, coloca placas de papelão nas ruas de Jequié - Bahia, para exigir políticas públicas para o ciclismo local. Contrapondo o silêncio dos coletivos de ciclismo local, um exemplo concreto de ação individual em pró do bem comum. Foto: @cicloolhar

Como ciclistas não podemos "lavar as mãos", conscientes que somos testemunhas dos benefícios promovidos pelo hábito de andar de bicicleta, podemos agir individualmente e (coletivamente) para que existam localmente políticas públicas pró-ciclismo. Isto é um direito conquistado e sancionado em (Lei nº 14.729) pelo presidente Lula, em novembro de 2023, que dá mais incentivo ao uso de bicicletas como meio de transporte. A medida (promove a participação popular) no processo de implantação de infraestruturas destinadas à circulação de bicicletas e determina mais uma orientação aos municípios que pretendem ampliar seu perímetro urbano.

Plaquinha reflexiva do Movimento @cicloolhar inspirada na CF 2025 

A bicicleta é um veículo sustentável, A Organização Pan-Americana de Saúde, braço da OMS (Organização Mundial da Saúde) nas Américas, destaca que a bicicleta é uma alternativa de locomoção com grandes benefícios para a saúde física e mental. Além disso, auxilia na melhora de indicadores urbanos e ambientais.

Na rota da CF 2025, pegando a trilha da COP 30, é hora de pedaladas concretas (locais) sejam individuais ou coletivas (no lugar onde você vive e pedala) em defesa da implementação de políticas públicas pró-ciclismo, que ajudarão preservar vidas que andam de bicicleta. Ciclovias, ciclofaixas, bicicletários públicos, placas pró-bicicleta, ciclorotas, apoio ao cicloturismo e aos atletas do ciclismo, leis locais de incentivo e proteção ao ciclismo, bicicleta no currículo escolar.

A bicicleta é irmã sustentável, ferramenta universal, que está nas garagens e quintais de ricos e pobres, habitantes da nossa Casa Comum, não existem casas reservas, a única casa que temos, clama pela lógica do cuidado!

Para redes sociais no formato de plaquinha do Movimento @cicloolhar, um minuto do trecho do hino da CF 2025, 

No ritmo e espírito da CF 2025, sugerimos, que leve estas singelas pedaladas, para reflexão e debate no ambiente ciclístico que você está inserido/a. Na mobilidade da fé, em ora(AÇÃO) integrado com o mais profundo sagrado e humano que existe no seu Ciclo-olhar.

“Estamos no decênio decisivo para o planeta! Ou mudamos, convertemo-nos, ou provocaremos com nossas atitudes individuais e coletivas um colapso planetário. Já estamos experimentando seu prenúncio nas grandes catástrofes que assolam o nosso país. E não existe planeta reserva! Só temos este! E, embora ele viva sem nós, nós não vivemos sem ele. Ainda há tempo, mas o tempo é agora! É preciso urgente conversão ecológica: passar da lógica extrativista, que contempla a Terra como um reservatório sem fim de recursos, donde podemos retirar tudo aquilo que quisermos, como quisermos e quanto quisermos, para uma lógica do cuidado”. (CF 2025)

Para nossa reflexão e inspiração, acreditando sempre que "o ciclismo transforma vidas", partilhamos um vídeo produzido pela fabricante de bicicletas norte-americana Specialized.



Dado Galvão é ciclista, documentarista de inspiração católica, idealizador do Movimento @cicloolhar, março/2025. Cicloolhar.blogspot.com

Doações de 600 bicicletas transformam vidas de pessoas carentes #cicloolhar

O youtuber Mr Beast mudou a vida de 600 pessoas carentes depois de doar bikes elétricas. Foto: Beast Philanthropy/Youtube.

O famoso youtuber Mr. Beast mudou a vida de 600 pessoas carentes nos Estados Unidos ao doar bikes elétricas para quem enfrenta desafios diários com transporte. 

Para identificar os merecedores, ele contou com o apoio de seus 23 milhões de inscritos, que mandaram vídeos detalhando porque uma bicicleta elétrica faria tanta diferença em suas vidas. 

Após uma cuidadosa seleção, 600 indivíduos foram escolhidos para ganhar os veículos. Algumas bicicletas foram entregues em mãos por um amigo do youtuber, enquanto outras foram enviadas diretamente via correios.

1° felizarda

A iniciativa de Jimmy Donaldson, também conhecido como Mr. Beast, foi em parceria com a empresa de bicicletas elétricas Lectric eBikes.

As doações começaram na Carolina do Norte e rodaram por todo os Estados Unidos.

A primeira ganhadora foi Maria, uma mãe solo que mora no país para juntar dinheiro para os filhos que estão na Guatemala.

Depois de terminar o turno de auxiliar de serviços em um restaurante, ela tem que andar vários quilômetros até chegar em casa. Mas não mais.

Além de ganhar uma bicicleta, ela recebeu mais US$ 12 mil para ajudar a sua vila no país natal.

Isso porque a mulher tinha doado tudo que juntou nos EUA para acabar com a fome onde nasceu.

Facilitando a vida de 599

Depois de Maria, Mr. Beast fez a alegria de mais 599 pessoas com novas bikes!

Uma delas foi um trabalhador, com uma jornada de mais de 40 horas por semana.

Só para chegar e voltar do local onde ele trabalha, eram 3 horas por dia.

Com a bicicleta, agora o homem vai poder chegar bem mais rápido ao trabalho e dedicar horas do seu dia para outra atividade.

Já para o Centro de Refugiados Interfaith, Mr Beast doou 10 bicicletas!

“A falta de transporte torna as coisas ainda mais difíceis para os refugiados se integrarem na sociedade”, explica o youtuber.

Agora, com as novas bicicletas, a coordenadora do Centro disse que vai ficar mais fácil para os refugiados encontrarem um trabalho, por exemplo.

Vídeos de agradecimento

E assim que iam recebendo as bicicletas, as pessoas gravavam vídeos agradecendo ao filantropo.

Em um deles, um rapaz disse que o presente o fez mudar de vida. “Muito obrigado, agora tudo ficou mais fácil, você mudou minha vida”, contou.

Outro elogiou a versatilidade do veículo, mesmo em situações extremas.

“Eu dirigi em uma estrada cheia de neve hoje e a bicicleta foi ótima”.

Veja como foi a entrega de algumas das bikes!


Anel viário de Jequié, recebe 4,60 km de ciclofaixa. #cicloolhar

 

Rodovia estadual, BA 130, zona norte de acesso à Avenida César Borges, área urbana, de Jequié, na Bahia, trecho conhecido popularmente como anel viário de Jequié. Região onde o Governo Estadual pavimentou e sinalizou 4,60 km, da BA 130, demarcando uma ciclofaixa de mão dupla, também com 4,60 km.

Pavimentação, sinalização e demarcação da rodovia estavam previstas (para serem concluídas, em setembro de 2023), mas só estão sendo finalizadas agora, um ano depois, (em setembro de 2024).

O Movimento Ciclo-olhar, espera que o governo estadual continue pavimentando e sinalizando o trecho sul, do anel viário de Jequié, garantindo também a demarcação e continuidade da ciclofaixa. Muito Importante, para a segurança e mobilidade, de quem anda de bicicleta, seja para atividades de lazer ou trabalho.

Dado Galvão, Movimento @cicloolhar setembro de 2024.

Jequié: prefeito, pavimentação asfáltica com ou sem ciclofaixa? #cicloolhar #cidadania


A Prefeitura Municipal de Jequié, anunciou a pavimentação de mais de 6 km da estrada que dá acesso ao Povoado da Barragem da Pedra, no bairro do Curral Novo, BR 330, em Jequié, Bahia. Uma zona turística, muito frequentada por ciclistas.

Segundo o prefeito Zé Cocá, em vídeo divulgado nas redes sociais, serão mais de 7 milhões de recursos públicos investidos em infraestrutura e turismo. Publicidades, divulgadas pela prefeitura, sobre a pavimentação asfáltica da estrada, não informam, se teremos uma ciclofaixa, na estrada que será pavimentada.

Exercitando cidadania, o Movimento Ciclo-olhar pergunta ao prefeito de Jequié: teremos uma ciclofaixa, na nova estrada da barragem, que é bastante frequentada por ciclistas?

Publicidades sobre a pavimentação da estrada, infelizmente, como de costume, não abordam, sobre uma estrutura ciclística para o local, placas pró-ciclismo, ciclorotas, o que é preocupante!

Ciclistas de Jequié, é preciso exigir!

Prefeito Zé Cocá, teremos ciclofaixa e estruturas ciclísticas, na estrada que será pavimentada?

@dadogalvao Movimento @cicloolhar

Julho/2024

Salve o planeta, pedale! 11º Bicicultura e 13º Fórum Mundial da Bicicleta. #cicloolhar

 

Unindo pedaladas para salvar o planeta, seguiremos andando de bicicleta e fotografando, propagando o ciclismo humanizado, defendendo a simplicidade da bicicleta e o exercício da cidadania para promoção do Bem Comum.

Na mobilidade da fé, com Aquele Que É, nos encontraremos em setembro, em Brasília.

Dado Galvão, Movimento @cicloolhar

junho, 2024

Jequié e a Bicicleta de Troia. #cicloolhar #Jequié


Jequié, cidade do interior baiano com mais de 150 mil habitantes, infelizmente, considerada (2023) a cidade mais violenta do Brasil, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, Jequié tem média de 88,8 mortes para cada 100 mil habitantes. Foram 141 assassinatos em 2022.

Quatro ciclistas foram atropelados e mortos em 2023. A estrutura ciclística da cidade é formada por menos de 10 km de ciclofaixas, 0 km de ciclovias, sem bicicletários públicos, sem placas e legislação local pró-ciclismo, sem ciclorotas.

"Recentemente, mesmo sem ter políticas públicas concretas em defesa do ciclismo, a prefeitura fixou uma bicicleta metálica gigante na principal avenida da cidade, Av. César Borges, que possui 6 km de ciclovia, onde a ciclista Ilma Cristina, foi esmagada por um caminhão caçamba, no início do ano de 2023", pontuou o ativista Dado Galvão.

No dia mundial da bicicleta, o documentarista e ciclista @dadogalvao do Movimento @cicloolhar falou ao jornalista @blogzeniltonmeira e comparou a bicicleta metálica ao Cavalo de Troia. No dia mundial da bicicleta, o documentarista e ciclista @dadogalvao do Movimento @cicloolhar falou ao jornalista @blogzeniltonmeira e comparou a bicicleta metálica ao Cavalo de Troia, em mais uma ação populista e demagógica da administração local, que trata o ciclismo sem seriedade e sem dialogar com a comunidade. A expressão Cavalo de Troia é popularmente utilizada para referir-se a um artifício astuto, um ardil para enganar o outro e conseguir aquilo que se deseja.

Na foto (do lado esquerdo) o prefeito de Jequié, montado na Bicicleta de Troia, (do lado direito) bicicleta de cor azul e cruzes, em alusão aos quatro ciclistas atropelados e mortos, no ano de 2023, quando andavam de bicicleta. Foto montagem: Blog do jornalista Zenilton Meira. 

Qual o preço de um capacete para ciclista? Partilha e reflexão #cicloolhar

 

Agradecemos pela valiosa partilha enviada via Instagram, pela ciclista Stella @diasdesolitude de Curitiba - Paraná, para nossa reflexão.
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Promova doações de capacetes novos ou usados (que estejam em bom estado de conservação), para ciclistas de baixa renda, pobres. Doações individuais ou coletivas são importantes na construção de uma mobilidade mais humana e fraterna, que salva e protege vidas.

Partilhe com o seu grupo de ciclismo, amigos/as do pedal e promova doações de capacetes na cidade onde você mora e anda de bicicleta. Para o bem comum, vamos agir localmente, pensando sempre na nossa casa maior.

Possíveis dúvidas, fale com o Movimento @cicloolhar #cicloolhar

fevereiro/2024

Campanha incentiva doação de capacetes para ciclistas na Bahia. #cicloolhar

Sobre a forma de doação, o criador do movimento, Dado Galvão, respondeu ao CORREIO que a principal missão da campanha é estimular os ciclistas a expandirem a ação para outras cidades. “Nós estamos dando o exemplo aqui de Jequié, no interior da Bahia, mas o que a gente quer é que a pessoa assista o nosso vídeo, veja a nossa ideia e reproduza na na sua cidade, mobilizando grupos de ciclismo e amigos/as do pedal”, disse. (LEIA MAIS AQUI) 

 

Correio, fevereiro/2024

Ciclista: você vai trocar o capacete ou tem um capacete encostado em casa? #cicloolhar

 
Promova doações de capacetes novos ou usados (que estejam em bom estado de conservação), para ciclistas de baixa renda, pobres. Doações individuais ou coletivas são importantes na construção de uma mobilidade mais humana e fraterna, que salva e protege vidas.

Partilhe com o seu grupo de ciclismo, amigos/as do pedal e promova doações de capacetes na cidade onde você mora e anda de bicicleta. Para o bem comum, vamos agir localmente, pensando sempre na nossa casa maior.

Possíveis dúvidas, fale com o Movimento @cicloolhar (assista ao vídeo).
 

 
fevereiro/2024 


Julieta(s) seguem pedalando! #cicloolhar

Julieta Inés Hernández Martínez, foto: @pevermei

A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) confirmou (6/1) a morte da ciclista e artista circense venezuelana Julieta Inés Hernández Martínez, (38 anos). Ela estava desaparecida desde 23 de dezembro, quando percorria em uma bicicleta cidades do interior do Amazonas.

Julieta foi encontrada morta (5/1) teve o corpo queimado, foi estuprada e enterrada em uma cova rasa. Os detalhes do crime foram revelados pelos acusados em depoimento à (PC-AM) no município de Presidente Figueiredo, que possui mais de 30 mil habitantes, números do IBGE, território onde ocorreu a barbárie.

Segundo o relatório policial, que a jornalista Adrisa De Góes, da Revista Cenarium Amazônia, teve acesso, o casal que assumiu a autoria do assassinato e tiveram prisões preventivas decretadas, foram identificados como Thiago Agles da Silva, 32, e Deliomara dos Anjos Santos, 29. Ambos moravam próximo ao local onde a ciclista estava hospedada, no Espaço Cultural Mestre Gato, localizado no Ramal do Urubuí, km 1 da BR-174.

Investigações, comandadas pela 37ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) , chegaram à dupla após partes da bicicleta de Julieta ser encontrada por um trabalhador em um matagal perto do local que funciona como ponto de apoio para pessoas que trafegam de bicicleta ou a pé pela rodovia.

Após ser interrogado pela polícia sobre o paradeiro da ciclista, Thiago, inicialmente, disse que ela havia passado a noite no espaço de hospedagem e seguido viagem, mas depois ele confessou o crime e mostrou onde o corpo de Julieta havia sido enterrado. Mesmo com a confissão, a versão do casal é divergente.

Descrevemos abaixo versões da barbárie para refletirmos nos pequenos detalhes das narrativas sobre os caminhos que potencializam violências.

 
Thiago Agles da Silva, 32, e Deliomara dos Anjos Santos, 29, foto: reprodução PC-AM.

Versão da acusada

“Em depoimento à polícia, Deliomara afirmou que o companheiro Thiago Agles estava há três dias usando drogas e ingerindo bebida alcoólica e, na madrugada do dia 23 de dezembro, por volta de 1h da manhã, ele planejou roubar o celular de Julieta, que estava com o aparelho celular na rede em que estava deitada, na varanda da residência.

A suspeita disse que o homem foi até a rede onde a vítima estava dormindo e exigiu que ela entregasse o celular. Depois, ele enforcou a vítima, a jogou no chão e mandou Deliomara amarrar os pés de Julieta. Em seguida, Thiago arrastou a artista para a cozinha da residência e começou a cometer abusos sexuais.

Ao presenciar a cena e com ciúmes da situação, Deliomara jogou álcool nos dois e ateou fogo. Com o corpo em chamas, Thiago correu e apagou as chamas com um pano molhado e foi ao hospital municipal em busca de socorro. Já a suspeita relata que amarrou uma corda no pescoço da vítima, que estava desacordada, e a arrastou para a área de mata, próximo à residência, e a enterrou”.

Versão do acusado

“Thiago Agles não confirma a versão de Deliomara. Ele relata que estava usando entorpecentes com a Julieta e que, em determinado momento, a esposa, com ciúmes, teria jogado álcool nos dois e ateado fogo. O suspeito confirmou à polícia que tem passagem na Justiça pelo crime de tráfico de drogas no Estado de Roraima e estaria residindo em Presidente Figueiredo há 7 meses.

O casal tem cinco filhos, sendo um bebê de dois meses. As crianças foram encaminhadas pelo Creas, ao Conselho Tutelar, aos cuidados de um familiar”.

 
Plaquinhas reflexivas do Movimento @cicloolhar

Julieta não morreu porque era ciclista, cicloviajante e artista. Mas a violência no trânsito brasileiro mata muitos/as ciclistas cotidianamente.

Julieta não morreu porque era migrante. Porém, levava na sua memória, compatriotas parentes, amigos, famílias brutalmente espalhados pelo mundo em busca da sobrevivência humana, reflexos da diáspora venezuelana, efeitos de uma ditadura cruel, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Venezuela é o país mais pobre da América Latina, no Brasil, os refugiados/as venezuelanos/as estão espalhados por todo território nacional. Dados de (2023) da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) sinalizam que mais de quatro milhões de refugiados e migrantes da Venezuela lutam para acessar necessidades básicas nas Américas.

Julieta não morreu porque era mulher. Contudo, o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Em 2022, uma mulher foi morta a cada 6 horas, no Brasil, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Julieta morreu porque o Brasil é um país perigoso. O direito de ir e vir (garantido na constituição brasileira) está completamente ameaçado pelas mais variadas formas de violências, organizações criminosas do narcotráfico, demarcam territórios em pequenas e grandes cidades brasileiras, pichações com siglas em muros, mortes violentas, controle de bairros, cracolândias nascem e externam o caos de um problema sem fim de segurança e saúde pública.

Julieta morreu na região mais pobre e violenta do Brasil. Estudo (2023) do economista Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social), confirma o retrato já conhecido da pobreza no Brasil: os piores casos estão nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Seis Estados do Nordeste e seis do Norte estão entre os 12 mais violentos do Brasil, de acordo com informações (2023) do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Outras Julieta(s), infelizmente, estão morrendo agora. Os três poderes da república brasileira e seus agentes, parecem cada vez mais engessados, distantes em suas bolhas de poder, sem ações concretas e permanentes, diante de uma realidade cotidiana de violência que todos/as nós conhecemos ou já ouvimos falar, que atinge todo o território nacional. 

 
Julieta, uma palhaça cicloviajante, foto: @pevermei

Descrevemos parte da nota de pesar divulgada pela representação do ACNUR, no Brasil. (...) “Assim como muitas mulheres refugiadas e migrantes, Julieta levava sua arte, cultura e conhecimento a diferentes comunidades no Brasil. Nossos sentimentos estão com amigos e familiares de Julieta, especialmente aqueles que esperavam por seu retorno seguro ao país de origem”.

Quem escreve é Dado Galvão, ciclista e documentarista, idealizador do Movimento @cicloolhar. Vivo e pedalo em Jequié - Bahia, infelizmente considerada, a cidade mais violenta do Brasil, segundo o 17° Anuário Brasileiro da Segurança Pública.

janeiro/2024

Ciclistas, testemunhas da diáspora venezuelana. #cicloolhar

 Na foto: Amalia Gisela, BR - 174 Pacaraima - Boa Vista
 
4° Concurso Cultural @cicloolhar de Foto(grafia).
Ciclistas, testemunhas da diáspora venezuelana.


A ciclista Amalia Gisela Fersula Romero, refugiada venezuelana, que reside em Mambaí - Goiás, receberá por correio postal. uma camisa e uma plaquinha do Movimento @cicloolhar

Já são quatro anos do Concurso Cultural de Foto(grafia) @cicloolhar, que acontece desde o ano de 2019, para refletir sobre o dia 10 de dezembro, data dedicada a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

ANDAR DE BICICLETA É UM DIREITO HUMANO NAS RUAS E ESTRADAS!
 
Plaquinha refletiva & reflexiva do Movimento @cicloolhar 
 
"Migrando de Bike para salvar a vida!
Quando a crise de um país te obriga a sair e enfrentar os obstáculos.

No ano de 2017, saímos da Venezuela, uma prima com o esposo Orlando Ortega, (na foto), que hoje vive em Cuiabá - Mato Grosso, uma amiga e eu. Chegamos a Pacaraima - Roraima, num sábado, 16h30 e não havia passagens de ônibus para venda, existiam apenas dois táxis com duas vagas, falaram que não poderíamos dormir na calçada porque queimavam os venezuelanos que estivessem na rua após 19 horas. Isto por causa de um roubo que aconteceu naquele tempo e culpavam os venezuelanos.

 Na foto: Orlando Ortega, BR - 174 Pacaraima - Boa Vista

Assim que montamos na bike e pegamos o caminho, (duas pessoas em uma bike, sem marcha, eu pesava 48 kg, estava com 6 kg a menos do que o normal, causado pela fome que vivia na Venezuela). Dormimos no chão na beira da estrada, pedalando uma hora ele, uma hora eu, e às vezes só caminhamos, dois dias depois, na segunda-feira chegamos a Boa Vista, capital de Roraima, mais de 200 km pedalando. Vitoriosos para continuar nossa nova vida aqui neste belo e livre Brasil.

Amalia recebeu por correio postal, camisa e plaquinha do Movimento @cicloolhar
 
Meu nome: Amalia Gisela Fersula Romero, Atualmente moro em Mambaí - Goiás". Instagram: @fersularomero
 
 

dezembro/2022 - dezembro/2023