Sabemos da importância do ciclista andar com equipamentos de proteção, e quando esse meio de transporte contribui para a mobilidade das cidades. Entretanto, muitos ciclistas não tem condições financeiras de adquirir o equipamento de segurança. O movimento Ciclo-Olhar está realizando uma iniciativa no município de Jequié e região. A ideia é receber doações de capacetes novos ou usados para ciclistas de baixa renda. E o primeiro capacete já foi entregue no Centro Industrial de Jequié, na Bahia, no último dia 30.mai.2021, às 6h30 da manhã, para um ciclista e pescador da região.
Valmir Costa recebeu a doação do primeiro capacete. O pescador tem 65 anos, pedala desde os 15 anos de idade, nunca tinha usado um capacete, é responsável pelo sustento da família. O critério na abordagem e escolha desse ciclista, foi o estado de sua bicicleta barra forte - bastante enferrujada e remendada. Hoje, não sabe ler direito e tem problema na visão, é acometido por catarata. Transporta em um isopor no fundo da bicicleta o que consegue pescar no Rio de Contas ou na Barragem de Pedral em Jequié, na Bahia. Costa é morador de um bairro popular (operário), denominado KM 3.
Dado Galvão é ciclista e realiza ações de incentivo ao uso da bike em sua cidade. Galvão é documentarista e morador de Jequié (BA), município que tem 160 mil habitantes, localizada no interior baiano, fica distante aproximadamente 400 quilômetros de Salvador.
Galvão é fundador do movimento Ciclo-Olhar, composto por ciclistas de vários locais do Brasil que fotografam momentos de lazer e do cotidiano, sempre com o apoio da bicicleta. Ele recebe as fotos, e então publicadas no perfil do Instagram Ciclo-Olhar.
“É este ciclista que queremos atingir com as doações e ao mesmo tempo conscientizá-los da importância do uso do capacete e acessórios como sinalizadores, luvas, sapatos para que pedalem com segurança e dignidade independente do modelo ou valor da bicicleta, seja para o lazer ou para o trabalho. É uma ação do nosso movimento na construção de uma mobilidade mais humana e fraterna na nossa Casa Comum”, explica o documentarista e autor da iniciativa.
O doador do capacete é convidado a escrever uma carta para o ciclista que irá receber o capacete. O que reforça o compromisso de sempre utilizar o capacete em qualquer momento que for pedalar. A campanha tem como slogan: “Ciclista que tem cabeça, usa e doa”.
O egresso Dado Galvão explica como iniciou o movimento Ciclo-Olhar: “Comecei a observar nos grupos de ciclistas o uso do celular, ele é usado para revelar uma cidade diferente que é possibilitado por esse veículo espetacular. Ver a natureza. A bicicleta estimula um olhar mais sensível”, diz Galvão.
No dia 3 de março é comemorado o Dia Mundial da Bicicleta. A data definida pela Organização da Nações Unidas (ONU), nasceu devido ao pioneirismo do professor Leszek Sibilski, pesquisador de esporte e mudanças. O pesquisador realizou um projeto acadêmico para estudar o uso da bicicleta no desenvolvimento humano e da sociedade. Obteve o apoio da delegação do Turcomenistão e mais de 53 países-membros da ONU, com isso, conseguiu a aprovação no calendário a partir do ano de 2018.
No Brasil existem mais bicicletas do que veículos no Brasil. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) são 50 milhões de bikes e 41 milhões de carros em solo brasileiro. Entretanto, somente 7% das viagens são feitas por bicicleta. A bike proporciona como uma mobilidade mais sustentável, redução da poluição ambiental, sem emissão de gases poluentes do efeito estufa.
Em 2021, de acordo com Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) a expectativa é de 750 mil unidades, estimativa das fabricantes de bicicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM), que projetam um volume 12,8% superior do que foi registrado em 2020.
Para doar capacetes novos ou usados, entre em contato pelo telefone (71) 98825-1105. Qualquer pessoa do Brasil, pode participar.
Por: Evandro Tosin – Jornalista, 3/6/2021