Jequié: vende-se (o no$$o patrimônio)

Na Avenida Rio Branco, localizada na velha Fazenda Borda da Mata/Jequié, miramos o histórico prédio da antiga biblioteca, hoje militarizada pelos precursores das volantes, que no passado combateram ações do cangaço.

O giro continua na área nobre da fazenda, adiante avistamos o prédio da atual Biblioteca Central, denominada, Dr.Newton Pinto de Araújo, o prédio público foi desapropriado pelo governo (2005-2009) do então prefeito, professor Reinaldo Pinheiro, para servir ao interesse social.

Ao longo dos anos o prédio foi esquecido, desprezado, tudo indica que de forma proposital, para culminar com os interesses de quem pode comprar, apesar de estar bem localizado, ser amplo e abrigar nossa biblioteca pública.Se houvesse espírito republicano, o prédio que um dia já foi um supermercado (Superlar), seria hoje um espaço transformado para transformar, fomentar Super Cidadãos(ãs), estimulador, promotor de conhecimento, cidadania e zelo com o patrimônio público.

Nas terras da Borda da Mata, banhadas pelo Rio de Contas, os senhores(as) da Casa Grande, aqueles(as) que estão sempre no poder, mantém os vícios do passado, onde bibliotecas eram restritas aos reis, ao clero e à nobreza.

Aos domingos, (pobre cultura da omissão), os frequentadores da Casa Grande, alardeiam que vão vender somente o prédio porque a biblioteca será colocada em um "espaço moderno", cultuam asfalto e concreto, parecem não ter memória, propagando que vão construir "um centro administrativo nunca antes visto na história de Jequié".

Ainda na Rio Branco, perto do Palácio das Artes abandonado, encontramos o contador de histórias Ailton, conhecido por falar muito do tempo do cangaço, ele virou um entusiasmado ajudante do novo coronel local, apático, contaminado pelas ilusões do poder, tenta argumentar sem honestidade intelectual, que tudo será moderno, construído lá na colina dos camaleões(as) verdes, por onde jamais andou ou andará, Anésia Cauaçu e seus cangaceiros.

Para tentar dar legitimidade à venda, foi encomendado um (parecer vende logo), faz de conta, pífio, oriundo do legislativo local, não realizaram se quer audiências públicas para ouvir os diversos setores da comunidade. Ainda falando de vereadores(as), o que faz e onde está a suposta oposição, fiscalização?

Aqui na senzala algumas poucas vozes desafiam os senhores(as) do poder e seus capitães do mato, denunciando a falta de transparência, diálogo, obsessiva vontade para vender um patrimônio público tão valioso.

O ex-secretário de Cultura e músico Bené Sena, faz barulho de indignação com sua bateria, aqui transformada em tambores que geram sons de protesto e alerta, a senzala precisa despertar. Conselhos de Educação e Cultura, se pronunciaram contra a venda do prédio da biblioteca, APLB Sindicato, pediu a requalificação e modernização da biblioteca, nós do Movimento @cicloolhar na singeleza da bicicleta também estamos por aqui, ouvimos os atabaques, sons de cidadania que surgem do interesse coletivo, na mobilidade do bem comum é impossível ficar calado.

Velhas práticas camufladas de novas, aparentemente uma casa grande de gestão nova, espalhando o progresso do betume, é o marketing cavalo de troia.

Muitas vias da Fazenda Borda da Mata, estão sendo asfaltadas, a gestão municipal e muitos(as) celebram como progresso. Nem os reflexos pedagógicos da pandemia parecem ser capazes de romper velhas bolhas da omissão, opressão.

É sempre bom lembrar que a cidade não é feita somente de asfalto e obras com potencial de marketing, o asfalto só será gerador de progresso se vir acompanhado da (promoção do bem comum, valorização da vida humana), saúde pública e educação de qualidade, geração de empregos, cultura, lazer, proteção da amazônia local, mobilidade urbana, transporte público de qualidade, nós somos a cidade, (casa comum) onde nem só de asfalto viverá o homem.

Cidadão e cidadã jequieense, gente da senzala, vamos nos mobilizar, com ferramentas republicanas no exercício da cidadania, na pressão social e amparados na lei, é possível impedir que vedam mais um lote precioso, cobiçado da Borda da Mata, eu quero minha biblioteca!

"Até quando você vai ficar usando rédea? Rindo da própria tragédia. Pobre, rico ou classe média. Até quando você vai levar cascudo mudo? Muda, muda essa postura. Até quando você vai ficar mudo? Muda que o medo é um modo de fazer censura". (Gabriel O Pensador)

Dado Galvão é cidadão jequieense, documentarista e ciclista, idealizador do Movimento @cicloolhar 
 
fev/2022