#cicloolhar Andar de Bicicleta – Sinal de Pobreza?

"Quando percebi, estava sozinho, dentro do carro, novamente preso no trânsito. Eu era gerente de uma grande empresa, e ostentava um belo carro. Alguns subordinados já haviam me convidado para, juntos, irmos trabalhar de bicicleta. Relutei, pois eu tinha o poder dentro da empresa, e achava que, ao pedalar, iria depreciar minha imagem. Grande erro meu! Descobri que era pobre de mentalidade, e pobre de amizades, afinal, meu carro me afastava das pessoas, e me impedia de desfrutar o trajeto.”

#cicloolhar na cidade de Manoel Vitorino (Bahia), @dadogalvao 29/08/17

Raízes do preconceito

Um veículo com tantas vantagens, e que ainda promove o contato das diferentes classes sociais, sem evidenciar suas diferenças, não é uma riqueza da cultura humana?

A questão do preconceito com a bicicleta é um fato social. Se, na Holanda, as senhoras andam de bicicleta com suas roupas da moda, e os executivos vão ao trabalho pedalando, no Brasil, a desigualdade social, através das pressões grupais, implanta a ideia de que executivos não são iguais aos carteiros ou aos operários. Mesmo que o executivo queira pedalar, essas pressões, externas e internas ao indivíduo, atuam como uma barreira psicológica, e acabam influenciando a sua decisão, e adoção de hábitos cotidianos, como usar, ou não, a bicicleta.

Essas “barreiras psicológicas” não surgiram do nada. Uma das heranças mais marcantes, para um país colonizado e explorado, dos tempos da escravidão, é com relação ao esforço físico. A sociedade brasileira carrega, mesmo que um fraco eco no inconsciente, impregnada em seu DNA, a ideia de esforço físico como atividade desprezível, atribuída aos escravos. Profissões que exigem esforço físico são repugnadas, como se ferissem a moral de quem as executa. Neste sentido, pedalar é visto como “necessidade” de esforço, e não “oportunidade” de exercício físico. (LEIA MAIS AQUI)